28 maio, 2006

A sombra, tão grande e escura, escura, escura, crescia até que tudo se tornou um grande vazio, um borrão acinzentado que engolia o mundo. A sombra era quase palpável, como se ao enfiar a mão dentro daquele escuro se pudesse arrancar um pedacinho, maciço e real como coisa de pegar. No entanto, a sombra consome, espessa e viscosa por entre os dedos, escorrendo na velocidade do mel, embora não fosse doce.
Era como um esgoto negro, um veludo, liso e macio, apoderando-se lentamente das cabeças desesperadas, das mãos crispadas levantadas ao céu como em prece para alcançar... Não importa, a sombra, A Sombra é onipresente, engolindo tudo com o mesmo ritmo de sempre, afinal, não há pressa (ou esperança).
O sol pulsa tão fraco agora, como se se despedindo de toda a imensidão que se pode ver lá do céu. No céu não há mais os algodões brancos e fofos, não, agora tudo é sombra, e mais nada. E mais nada. Nada. N a d a. Aquilo cresce até não poder mais, porém esse limite não existe. Por que existiria afinal? A única coisa que importa é crescer, fazer de tudo escuridão.

***

Isto é o que acontece quando a gente simplesmente deixa idéias malucas pularem pro papel.

1 Comments:

Blogger Charles Bosworth said...

Não deixa! Mate essas idéias antes que elas cheguem ao papel. Olha que perigo! Imagina se elas viram algo mais.. perigoso, mais... terrível. Tipo... ugh!Um.. livro!
Eca!

junho 01, 2006  

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