14 junho, 2006

Amanhã é dia

Varrendo o chão. Tem que varrer pra limpar logo e ir dormir. Vassoura pra lá, vassoura pra cá, rasp rasp rasp no assoalho de madeira. Oh, o taco está solto. Droga. Tá se esfarelando por baixo. Ah não. Cupins. Não acredito. Essa praga chegou logo aqui, onde mal se tem madeira pra sustentar a casa. Tem que chamar o homem da detetização um dia desses. Amanhã. Amanhã eu chamo. Agora eu tenho que ir dormir, que amanhã é dia de branco e não tem moleza não. Guarda a vassoura. Os chinelos velhos clap clap no chão. A luz se apaga. Uma coisa entra voando pela janela ai meu Deus o que que é isso?! Acende a luz. Uma baratona enorme, daquelas cascudas, pousada na parede, as anteninhas tateando a ar. Pânico. Pega a vassoura. A mão treme. Ai meu Deus do céu, logo agora isso me acontece o que que eu fiz, meu Deus. O peito arfa, a respiração se acelera e as anteninhas continuam se mexendo. A vassoura se aproxima devagar, o momento é crucial. De repente, PAFT e essa cascuda já era. Tá na hora de dormir. Apaga a luz, arrasta os chinelos em direção ao quarto e o bocejo se abre que dia cansativo hoje. Passa pela cortininha de contas e está pra tirar o robe encardido quando sente um friozinho no tornozelo e um arrepio sobe a espinha. Não tem coragem de olhar, mas não precisa. Ela sabe, sabe o que é. A cascudona grudou legal no cascão do tornozelo. Por um momento tudo pára, o tempo se suspende. No segundo seguinte, pavor. Joga os braços pra cima, grita, desespero, chacoalha as pernas convulsivamente. Dispara pela cortininha, que fica balançando por um bom tempo. É preciso pegar a arma, a única salvação. A Vassoura. Mas está escuro e não dá pra ver, os móveis uns pontos indistintos no breu da sala. A perna se enrosca em alguma coisa, o cotovelo bate em outra e o arrepio sobe pelo nervo. Ui. Ai. Ai ai ai. Silêncio. Acho que ela foi embora Deus misericordioso que me livre e guarde.
Sobe na cadeira. Por via das dúvidas.

6 Comments:

Anonymous Anônimo said...

é! parece que voce vai morrer ou coisa parecida...
isso nem deve ter acontecido de verdade, e aposto q era uma mosca e nao uma barata...
maluka... XD

junho 19, 2006  
Blogger muriel said...

ei, quem disse que é autobiográfico?! E desde quando precisa ter acontecido de verdade?
-Camila, se eu sou louca... Você é muito mais! E por que você não posta alguma coisa aqui?
Ninguém entende o que eu escrevo, seus cabeças-fechadas!

junho 20, 2006  
Anonymous Anônimo said...

ah, voce está sendo subjetiva demais... se tinha alguma mensagem nakele texto, ninguem entendeu
eu sei q somos todos mais loucos q os outros...

junho 24, 2006  
Blogger yuribt said...

Muri!
Eu entendo.
E adorei esse texto. Quase gargalhei.

junho 24, 2006  
Blogger Giulia T. said...

eu também adorei o texto!!!
ugo, eu acho q a mensagem é: tome cuidado quando for matar uma barata.
hahahahah

junho 27, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Bah, eu entendo.

junho 29, 2006  

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