01 dezembro, 2006

O Maníaco do Plástico Bolha

(história baseada em fatos reais - mais especificamente quando um rolo de cem metros de plástico bolha simplesmente desapareceu no Santa Cruz)

Bateu o sinal. Começou o recreio. Todos os alunos se dirigiam, felizes, ao pátio, para aproveitar da melhor maneira possível aqueles vinte minutos de intervalo. Todos, menos um.
Desde a primeira aula da manhã, ele tinha percebido aquele rolo enorme no canto da última sala do corredor, e desde que o vira pela primeira vez, sentiu aquela conhecida coceira nas pontas dos dedos. No começo era suportável, apenas uma coceirinha, mas aos poucos foi aumentando, subindo pelas mãos... Assistir às aulas ficava cada vez mais difícil, era impossível se concentrar, e as olhadas de esguelha para o rolo de plástico bolha se tornavam cada vez mais freqüentes.
Assim, quando bateu o sinal, ele já havia tomado a decisão, e era hora de agir. Olhou mais uma vez para o corredor, certificando-se de que estava mesmo vazio.
Dirigiu-se para o rolo. Ficou um bom tempo apenas olhando para ele, nos olhos febris uma mistura de desejo e veneração. Aos poucos foi erguendo a mão, muito lentamente, até que as pontas dos dedos roçaram de leve no plástico, até afundar naquele mar de bolhinhas. Ploc.
O tempo estava se esgotando, era preciso ser rápido. Abraçou o rolo enorme e aos poucos foi arrastando o trambolho para fora da sala. Teria que atravessar o corredor. Muito, muito cuidado. A cada passo ou voz que pensava ouvir, escondia-se logo em uma das salas pelo caminho. Pé ante pé. O mais silenciosamente possível. Um ploc ocasional. Desse jeito, a travessia do corredor foi feita. Agora que vinha a parte difícil... subir aquela escadinha escondida que dava para o telhado.
Era preciso muita calma. Colocou um pé no degrauzinho, se segurou com uma mão e com a outra ia puxando o rolo. Assim, desafiando a gravidade e o próprio equilíbrio, ele chegou ao topo - ali, no telhado, ninguém iria vê-lo. Ali, o rolo era só seu.
Finalmente à sós, desenrolou com extremo cuidado alguns metros do plástico. Tirou do bolso uma tesourinha, e com prazer supremo foi cortando pelas bolhinhas. Ploc.
Enfim estava ali, sozinho, desfrutando o fato de ter nas mãos, para seu deleite pessoal, nada menos que cem metros de plástico bolha implorando para serem estourados.
Aproximou as mãos trêmulas das bolhinhas. Acariciou o plástico, as bolhas massageando as palmas das mãos. Não aguentava mais - apertou com força, cravou os dedos... ploc. Ah, o barulhinho... ploc, ploc. Não pôde impedir que um sorrisinho se formasse em seus lábios, crescendo na garganta até se tornar uma gargalhada.
Êxtase.

6 Comments:

Blogger Giulia T. said...

Adorei! sério, essa história poderia se tornar uma lenda no colégio.

dezembro 01, 2006  
Blogger Utak said...

HAhahahahahhahahahahahaha
hahahahahhahahahahahhahahaha

meu deus!!! Muriel, você escreve muito bem!
nosas, genial, adorei...

dezembro 01, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Lista de suspeitos?
Lista de suspeitos!

Acho que o Caio tem cara de maníaco, sem contar que surgiu correndo (como usual) com plástico-bolha no supra-menicionado dia do ato criminoso.


Medida jurídica cabível:
Habeas Corpus para ele? Não! Deve apodrecer atrás das grades até que pobre sua inocência.

TODOS SÃO CULPADOS ATÉ QUE SE PROVE O CONTRÁRIO!




Thomás de Barros Advocacia Ltda. (ou seria Chapa S/A?)
Tel: 0XX61 8765 4321

dezembro 01, 2006  
Anonymous Anônimo said...

prove

dezembro 01, 2006  
Blogger Utak said...

Será? Será?
Esse é um mistério que só os latrinescos podem resolevr...

aguardem o próximo episódeo!
Tam-tam-tam-taaaaam
*fim*

dezembro 02, 2006  
Blogger Charles Bosworth said...

Elementar meus caros, o cara que cuida dos instrumentos guardou o rolo em outro lugar. Muito simples, o rolo só sumiu.
Ou será que...

dezembro 02, 2006  

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