Não é mentira!
Com todo o pedantismo das ocasiões solenes:
Senhoras e senhores, exelsos habitués deste humilde blógue! Com muito orgulho e satisfação anuncio que hoje, neste memorável 1º de Abril, esta fétida e adorável Latrina completa um ano de existência!!!
O primeiro aniversário... um ano de glórias malditas, poesia fecal e o mais doce escárnio! Oh, querida Latrina!
A Malta assopra as velinhas
Nesses últimos dias, com a aproximação do jubileu, fiquei me perguntando como poderia fazer um post à altura da ocasião. Cheguei à conclusão de que deveria expor ao mundo o início deste blógue, contar a todos como tudo começou.
Numa tarde cinzenta e chuvosa, com o vento castigando as janelas frágeis... Tá, eu admito, não foi assim (mas seria infinitamente mais poético... blé). Numa tarde comum, tão comum que não me lembro de mais nada para descrevê-la (oh, terrível honestidade!), estava eu lendo o blógue Aqui
Meu primeiro pensamento razoavelmente coerente depois de ser abduzida pelo belo e terrível mundo virtual foi: Como tem blog ruim!
A verdade é que eu fiquei absolutamente pasma com o que vi. Gráficos cafonérrimos, com letras piscantes cor magenta. Textos que poderiam ter sido escritos por uma criança de cinco anos, a não ser pelas piadinhas de duplo sentido ridículas. Blogs, que além de serem blogs, aparentemente eram também confissionários, mas estava além da capacidade da minha pobre mente entender porque, porque, alguém ia escrever coisas íntimas e publicar pro mundo inteiro ver. Blogs pseudo-poéticos. Blogs políticos ou opinativos, nascidos do desespero dos blogueiros de que suas opiniões valessem algo. Isso sem contar os comentários, os coitados dos amigos que foram obrigados a comentar (qualquer semelhança com esta Latrina é mera coincidência).
Rapidamente o meu choque se transformou
Então
EU: Er, como se cria um blog?
CHARLES: Você quer criar um blog?
EU: É.
CHARLES: Vai nesse site então.
E me deu o endereço do Blogger.
Eu entrei, e fui seguindo as instruções. Primeiro era: o nome do blog. Aí fiquei um pouco nervosa, pois na minha revolta não tinha parado pra pensar numa coisa tão óbvia como o nome. Pensei por uns minutos, considerei a minha desilusão com o mundo dos blogs, e escrevi: A Latrina. Em seguida escolhi o primeiro modelo de template que apareceu, um amarelo horrendo. E o passo final: a descrição. Peguei meu caderno de química, virei na última página e escrevinhei uns rascunhos, e coloquei a melhorzinha (que permanece até hoje).
Enfim, tinha criado um blog. Uma Latrina gerada pelo impulso e revolta adolescentes, e naturalmente não tinha a menor idéia do que fazer com ela.
Assim, pra me sentir menos idiota, no dia seguinte na escola, fiz um pedido (disfarçado de convocação) pra Camila.
EU: Então, eu criei um blógue.
CAMILA: (se limitou a me dar aquele olhar o-que-foi-que-você-fez?)
EU: Tava pensando se você não quer participar também. Te mandei um convite.
CAMILA: Tá (ao laconismo seguiu-se um suspiro resignado e um olhar do tipo o-que-não-se-faz-pelos-amigos).
Um pouco mais segura em quanto ao blógue, no dia seguinte me dirigi à Giulia. Junto com Camila, iniciei as negociações no bandejão.
EU: Giu, eu... eu criei um blógue.
GIULIA: Um o quê?
EU: Um blógue.
GIULIA: Que idiota!
EU: (me sentindo muito mal, viro pra Camila)
CAMILA: (de repente muito interessada nas próprias unhas).
EU: (ainda muito frustrada) Bom, aqui tá o endereço, se um dia você quiser dar uma olhada.
No outro dia...
GIULIA: Então, eu entrei na Latrina!
EU: (esperando a crítica brutal) Ah, que bom.
GIULIA: Quero fazer parte!
Esse foi o primeiro indício de que o odor da Latrina podia ser cativante.
E foi assim que tudo começou, fiéis latrineiros. A Latrina surgiu como uma resistência aos blogs pretensiosos, porque a Latrina assume seu lado podre. Porque a Latrina não tem links, tem toda uma rede de esgoto. Porque a Latrina não tem comentários, tem descargas. Porque a Latrina não é um blog, é blógue.
11 Comments:
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Parabéns Latrina Devassa!
Juro que me emocionei...
Agora, sobre a frase: "Ainda não entendia muito dessas coisas chamadas blogs, ou da lógica insondável por trás dos posts, dos templates"
Quero dizer que você ainda não entende.
Pelo menos a Latrina é um Blógue que não tem Doll e outros desenhos "Cutes", espero que o Copo (afilhado dessa provada) também, embora eu insista em chamá-lo de BLOG, não Blógue; é o americanismo e sua modernização...
Que galerinha digital! Só descobri que existiam blogs sérios e ruins quando já conhecia a Latrina. Ainda não tive (e espero nunca ter) oportunidade de me aventurar nesse mundo bloguístico. Aliás, meu primeiro contato com a Latrina também poderia dar uma história interessante, desde que bem escrita. Só não faço isso porque aqui é lugar para descargas, não para textos. Isso é para nossas guardiãs da Latrina.
Que horror, o primeiro a comentar é o Caio Gimnosperma... que não sabe que ninguém tinha comentado antes porque a maioria das pessoas que freqüenta este blógue (incluindo a Malta) estava então muito ocupada com a reapresentação da peça.
Thomás, o fato de a Latrina não ser cheia de cafonices digitais não significa que a Malta não as conheça (e saiba como fazê-las).
*Parabéns Latrina!*
parabéns Latrina!!!!
Eu me emocionei!!!
Mesmo!
uma pena que meu blog não tem uma história tão interessante...
O mais legal do meu blog é que fará 2 anos logo! (uma época um pouco conturbada de minha vida)
Parabéns mais uma vez!!!
é legal saber da história de um blog...
caio d. p., o seu comentário foi apagado, como eu prometi.
agora eu fiquei curiosa...o que o Caio Gimnosperma escreveu?
que legal esse post! eu esperava algo bem mais simples e curto.
Transanteontem foi seu dia, que dia mais feli-iz. Parabéns...
A Latrina tem um odor cativante. Viram "o cheiro do ralo"?
É isso aí:
hoje a merda é sua
hoje a merda é nossa
é de quem quiser
quem vier
(Latrina é a burocratização da defecação. Quem precisa de intermediários?)
Fedemos. Fedemos todos os dias de nossa existência, desde a epigênese até a hora da obscuridade. Fedemos loucamente, porque somos feitos de carne pútrida e escarros, de chorume e vômitos verdejantes.
No dia 1o de abril iremos lembrar, também por razões igualmente escatológicas, que é hora de expandir nossas narinas e aspirar o perfume que exalamos, como as abelhas e seu pólen, ao sermos entes ônticos.
Parabéns Latrina! Viva a osbcuridade das almas e os pavores dos seres humanos, viva os medos e as sombras , viva nossos defeitos e nossas inseguranças... mostrem-se vergonhas desavergonhadas! Viva nossa Latrina!
Parabéns para a Latrina!
Admito que no começo eu também hesitei bastante antes de entrar no mundo dos blogues. Mas não é que é divertido? Me sinto orgulhoso por fazer parte da história desse blog. Continuem meninas!
P.S. - Ainda não me acostumei ao cheiro fétido e à podridão. Me sinto... limpo demais. Que estúpido!
Eu esqueci de comentar: no dia do aniversário, a Lua estava linda demais!
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