O fruto, seu arquiteto e o elefante - Parte III
Acontecera, o casamento de Ba She era sempre realizado quando as primeiras folhas secas voavam em direção à uma jovem do vilarejo, cujos cabelos eram dourados de tal forma que fazia-se sol. Tudo era segredo: ninguém nunca soube o que poderia acontecer, por isso, nunca ninguém havia invadido a morada da cobra após a entrega da donzela.
A ainda menina de brincadeiras e besteiras, só havia por três vezes feito-se mulher. Tinha um vestido azul e fitas presas por todo o cabelo.
Engolidor de elefantes, grande morador das montanhas, esse era Ba She, forma divina que encontrava-se em corpo de cobra. Sua vontade era lei entre o povoado, e seus dentes tão afiados que fazia-se navalha.
Qí Juã presenciou o proibido, viu o céu em toda sua imensidão, seu olhar foi totalmente convertido em luz e vento. Ele perdeu tudo o que já havia sido até aquele instante.
Sorte seria se Ba She não percebesse sua presença, no entanto, a criatura estava tão deslumbrada com sua oferenda que isso era de fato improvável. Ademais, a cobra seria a menor das preocupações do arquiteto; ele estava completamente desfigurado.
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4 Comments:
Incrível como você consegue conectar todas as partes, remetendo às anteriores, mas sem se repetir e, acima de tudo, fazendo sentido.
Muito bonito.
Você tem muita sensibilidade...
eu tinha perdido o meu primeiro rascunho, mas o achei agora. então, tem algumas modificações...
minha intuição estava certa... hehe
ah giulia, vc escreve muito bem!
eu pelo menos adorei o estilo deste conto de ar exótico e cheio de cores - sim, é imaginar o conto pra encher os neurônios de tinta! rs
e que linda comparação: os espaços entre os galhos desenhando figuras como as das cortinas de nossas avós... é o que eu vou reparar na próxima vez que eu estiver entrando na FFLCH... olhar pra cima e limpar as olhos na barra da cortina de galhos... hehehe
adorei! obrigada pelo link.
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