22 janeiro, 2007

O Senhor de Peruíbe II

A mancha negra tomou a forma de um grupo de menino com roupas de coral inteiras pretas e com chapéus pretos enfeitados com franjinhas prateadas. À sua frente vinha um menino loiro, corpulento, com cara de poucos amigos, vestido como os outros, só que com franjinhas douradas. Obviamente eles estavam morrendo de calor, mas aquelas roupas lhes conferiam certo status.

— Meu nome é Honório e eu sou o líder desse coral. Eu gostaria de oferecer as habilidades deles para o que for preciso.

Ao que Caio, intrigado, perguntou:

— Para que nós precisaríamos de cantores para sobreviver nesse lugar hostil?

— Sei lá. Mas eu posso cantar em fá maior, veja:
La cucaracha, la cucaracha...

Enquanto isso, o coro acompanhava dançando. Sendo o mais animado deles um magro, de cabelos escuros, chamado Alexandre.
Todos os outros meninos olharam atônitos. Mas antes de alguém conseguir sair daquele estado e tomar uma atitude, Alexandre caiu no chão desmaiado. Houve um alvoroço geral e, mais uma vez, os meninos incumbiram Porquinha de cuidar dele. Ela tirou o chapéu da cabeça do desmaiado e começou a abaná-lo, supondo que aquilo tivesse sido por causa do calor. Nonô quis saber quem era aquela...menina e Caio a apresentou.
— Porquinha? Suja! Suja!
O resto do coro recebeu um olhar ameaçador de seu líder e se sentiu obrigado a rir da menina também.
Ela, por sua vez, olhou para eles com o desprezo característico e necessário. E, vendo Nonô, que claramente era o que mais sofria com aquelas roupas e que mais se recusava a tirá-las, com o cabelo empapado de suor e as bochechas vermelhas como cerejas, disse:
— Se eu tenho um apelido, você também tem que ter: Cerejinha.
— Não! Isso diminui a minha autoridade. Tenho que me recuperar disso.
Nonô imediatamente derrubou Caio de seu montinho de areia.
— Nós precisamos de um líder para nos organizar. – ouviram-se murmúrios de aprovação na platéia. – e como eu já sou o líder do coro, eu acho que...

Mas antes dele terminar, todos já haviam se unido para gritar o nome de Caio – para a decepção de Honório.
Alexandre acordou no meio daquilo e levou um susto ao ver uma menina na sua frente.
— oh, você fica muito estilosa com esse chapéu assim.
Então Caio começou seu primeiro discurso de líder.
— Eu acredito que nós devemos ter algumas regras básicas pra um convívio adequado e prazeroso enquanto nós estivermos aqui. Nós também precisamos elaborar meios para que se torne o mais fácil possível que nós sejamos resgatados e que voltemos para casa. – ao som dessa palavra todos sentiram algo revirar em seus estômagos, mesmo sem comer nada há horas. Mas Caio não perdeu sua linha de pensamento. – Sempre que nós precisarmos nos reunir para falar de alguma coisa importante eu vou tocar a concha e vocês todos deverão se dirigir imediatamente para cá. Este será nosso centro de reuniões, nossa assembléia. Durante esses encontros, quem estiver segurando a concha terá a palavra e não poderá, em hipótese alguma, ser interrompido. Além disso, eu acho que nós devemos construir uma fogueira. Na remota chance de que algum navio passe por aqui, nós não podemos desperdiçar a oportunidade de sermos avistados e, conseqüentemente, salvos.
Porquinha pegou a concha.
— Nós temos que fazer a fogueira no alto daquela montanha para ela ser vista de longe. E com folhas e galhos verdes para fazer bastante fumaça. Quem vai ajudar?
— Eu não, eu já sou o anfitrião. Eu vou fazer uma coisa mais divertida e sádica. Eu e o meu coro vamos caçar.
— Caçar o que? – perguntou o menino de óculos, Manfrim, fazendo todos rirem e humilhando Cerejinha. – Vocês vão atrair passarinhos com o seu canto?
— Não. – disse ele, mais vermelho do que nunca. – Nós vamos fazer lanças e caçar porcos.
Caio acabou concordando e guiou todos para o alto da montanha para começar a fogueira – sempre sob o clamor iniciado por Vitor, outro menino do coro:
— Vilela, Vilela, Vilela, Vilela!

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15 Comments:

Blogger muriel said...

genial, genial!

"regras básicas pra um convívio adequado e prazeroso enquanto nós estivermos aqui." - eles perdidos numa ilha deserta, e o Caio querendo fazer a estadia ser prazerosa. Morri de rir lendo isso.

"Eu vou fazer uma coisa mais divertida e sádica. Eu e o meu coro vamos caçar." - absolutamente brilhante.

Ficou muito rasgação de seda. Da próxima vez, só pra variar, vou falar que está ruim!

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

hahahahahahaahaaha
muito bom...

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

cacá, sua paródia é o máximo! Elogios de mais fazem do autor um preguiçoso, no entanto. Desse modo, você trate de tomar nossos comentáriuos como bons estímulos para seguir em frente, mas em hipótese alguma deixe de continuar.
Vocês acham mesmo que eu tenho perfil de líder ? Quisera eu....

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Já sei! Já sei! é a Muri! é a Muri!!!
murimurimurimuri!!

'Quê que eu ganhei?

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Genial. Porém, nosso líder fictício Caio está se esquecendo de organizar algo que o líder verdadeiro organizou: quem vai cozinhar? Caio e Porquinha?

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Perdão, esqueci de me identificar. A última descarga pertence a mim.

janeiro 22, 2007  
Blogger Giulia T. said...

Só faço uma pequena observação: acho que o Nonô cantaria vida louca do gato de botas do shrek!
Lipão, o Caio também se esqueceu de organizar a latrina comunitária da ilha.

Miss Piggy é a melhor!!!

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Bezerro, qual é o seu fotolog?

janeiro 22, 2007  
Blogger Giulia T. said...

Esse é o flog do bezerro: http://www.fotolog.com/al_arneiro

janeiro 22, 2007  
Anonymous Anônimo said...

Comer é vital para a segurança e sobrevivência do "bando", foi por isso que Jânio pronunciou:

- Fí-lo porque Quí-lo

(ou seja, filei a comida para engordar uns quilinhos!)

janeiro 23, 2007  
Anonymous Anônimo said...

yey! prêmio! hihi

Eu acho que o Nonô cantando Lacucaratcha é realmente genial e real!

Caio, esse personagem é apenas O personagem com características semelhantes à você(incluindo o nome) Mas não É você, hehehe :P

janeiro 23, 2007  
Anonymous Anônimo said...

né...

janeiro 23, 2007  
Anonymous Anônimo said...

E o que o Jack tem a ver com o Nonô?

janeiro 23, 2007  
Anonymous Anônimo said...

não... eu disse que o personagem "Caio" não é a mesma pessoa chamada Caio! há apenas uma grande semelhança entre eles

janeiro 23, 2007  
Blogger Giulia T. said...

Acho que não é bem isso, o personagem Caio é a paródio do Caio

janeiro 23, 2007  

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