20 maio, 2007

A História ilustrada (da)privada

obs. leia o post anterior antes.

latrina romana

visão higienista - séc XIX e XX


propaganda de uma latrina japonesa

tampa da latrina japa - séc. XXI

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A História (da)privada

TV&Lazer - Domingo, 20 de Maio de 2007 - O Estado de São Paulo

Sujinha, essa civilização
A história da humanidade não é nem um pouco limpa: é o que revela livro sobre a evolução dos hábitos de higiene.

Conta-se que a rainha Isabel de Castela (reino que fazia parte da Espanha) teria tomado apenas dois banhos "de corpo inteiro" em sua vida. Se tal anedota é mesmo um relato histórico ou passa de intriga palaciana não importa, pois o século XV tal situação era nada absurda.
A humanidade teve de percorrer um caminho bastante longo - e, acrescente-se, sujo - para descobrir os grandes benefícios da higiene pessoal. É o que conta o jornalista Eduardo Bueno em seu livro Passando a limpo - História da higiene pessoal no Brasil.
O livro faz um divertido passeio pela História e mostra os hábitos de higiene – e também a falte deles – das mais variadas civilizações. Na Roma Antiga, por exemplo, tomar banho era costume das elites e dos plebeus. É fato que as famosas casas de banhos foram palco de inúmeras orgias, mas durante vários séculos Roma se viu livre das pestes graças a elas.
Na Idade Média, a Igreja Católica condenou tais casas por considerá-las ambientes propícios à luxúria. E o hábito de tomar banho seria repelido também pelos médicos da época, durante cerca de mil anos.
Eles acreditavam que o contato com a água abria os poros e deixava penetrar na pele os germes que causavam a lepra, a peste bubônica e todas as terríveis epidemias que assolaram a Europa durante o período medieval. Por determinação médica, as pessoas passaram a tomar apenas dois banhos por ano. A precaução era tanta que no restante dos dias só as mãos e o rosto eram lavados.

A revolução da higiene
Além de mostrar como os costumes relacionados à higiene pessoal foram sendo moldados com o passar dos séculos, o livro também relata a importância que pequenas invenções, como o papel higiênico e o vaso sanitário, tiveram na vida das pessoas.
O absorvente íntimo, por exemplo, é invenção do século XX, mas, apesar de ter trazido indiscutível conforto às mulheres, foi alvo de revolta quando surgiu, em meados da década de 30 nos Estados Unidos, para substituir os famosos paninhos. Um panfleto educativo lançado pela Kimberly-Clark (empresa criadora das toalhas higiênicas Kotex) para ajudar as mães a explicar às filhas o que era o fluxo menstrual chegou a ser banido de vários estados norte-americanos.
Mas a empresa não se deixou abater e encontrou nos estúdios Disney um forte aliado para o seu marketing. Em 1946, foi lançada A História da menstruação, animação de 10 minutos. Segundo Bueno, 100 milhões de pessoas no mundo assistiram o filme.
Capítulo a parte são as ilustrações publicitárias presentes no livro. Elas mostram como o asseio passou a fazer parte da boa imagem de uma pessoa (coisa bem do século XX, pois nos anteriores monarcas e nobres eram malcheirosos quanto qualquer camponês).
Uma campanha clássica da marca Rexona, lançada na década de 70, mostrava um grupo de pessoas espremidas em um elevador e puxando mais um pra dentro. O slogan? “Sempre cabe mais um quando se usa Rexona”. Na década de 50, eram comuns os anúncios de creme dental exibirem moças fugindo do beijo dos noivos por causa do mau hálito.
Até Carmen Miranda, nossa célebre porta voz no exterior, chegou a ser garota-propaganda de um cosmético, o tradicional Leite de Rosas. “Carmen Miranda, a nossa inimitável Carmen, (...) aqui está para mostrar que ‘quem não tem balangandãs não vai à Nova Iorque e só tem quem usa Leite de Rosas, o preparado para dá ‘it’...”, dizia a publicidade.
As páginas trazem ainda uma revelação interessante. Aquela velha brincadeira de dizer que fulano só toma banhos aos domingos, quando é dia de missa, tem lá seu fundo de verdade.
Na virada do século XIX, nos Estados Unidos, os pregadores metodistas recomendavam aos fiéis que tomassem banho antes do culto porque a “limpeza corpórea aproximava o homem de Deus”. Nos dias de hoje, ainda bem, não se precisa de um argumento tão forte para convencer qualquer pessoa a ir para o chuveiro.

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12 maio, 2007

O Maravilhoso Mundo dos Blógues - de A a Z

Como devem saber os latrineiros de longa data, a Malta sempre refletiu sobre o terrível e maravilhoso mundo bloguístico. É um tema que ao mesmo tempo atrai e repele. Por isso, aqui se inicia um novo projeto: um pequeno dicionário que, é bom dizer, não tem a pretensão de realmente explicar os curiosos detalhes do mundo dos blógues, muito menos de abordar todas as facetas desse tipo de site - elas são numerosas demais. Contudo, sugestões de vocábulos e/ou definições são mais que bem vindas.
P.S: Giulia T. foi co-autora deste post.

A


Abacaxi: Bromeliácea de infrutescência carnosa muito apreciada pelo seu sabor, porém, particularmente difícil de descascar. Ex: Este blógue é um abacaxi.

Abandono: Estágio de letargia do blogueiro, devido ao qual o blógue vai aos poucos perdendo importância, é ignorado pela sociedade e finalmente cai nas garras negras do esquecimento. Snif, snif. Ver assunto, falta de.

Absurdo: Manifestação esporádica (ou não) em praticamente todos os blógues. Ver abacaxi; nonsense.

Agregadagem: Porque brasileiro que é brasileiro não desiste nunca, mesmo na casa ou blógue alheios. 1. Prática de blogueiros que são agregados. 2. Visitantes freqüentes que têm poder de influenciar os blógues alheios. 3. Situação de camaradagem entre os blógues. Ex: a Rede de Esgoto. Atenção: difere do apadrinhamento pois pressupõe uma troca de favores. Ver etiqueta bloguística.

Ah não: Ao contrário do que muitos poderiam pensar, não se trata de um indivíduo verticalmente prejudicado. Este vocábulo é geralmente exclamado quando se depara com. 1. Mais um blógue confessional. 2. A sua intimidade escancarada no blógue do seu "amigo". 3. O seu "amigo" blogueiro implorando para você comentar. 4. O milésimo blógue sobre os perigos do aquecimento global.

Alternativo: Blógue que tenta ser diferente mas acaba igual ao resto. Ex: A Latrina. Ver arte.

Amigo: É pra se guardar no lado esquerdo do peito e mostrar aquele seu blógue que foi impiedosamente ridicularizado por todos os seus conhecidos.

Amor: 1. Sentimento mais idolatrado da cultura ocidental, provavelmente pelas numerosas vendas de discos, filmes e livros de auto-ajuda que proporciona. 2. A desilusão causada pelo seu fim é o principal motivador dos blógues confessionais. Ver bloguemo; dor de corno.

Analfabeto: Espera-se que um blogueiro reúna as seguintes características básicas: criatividade, humor, continência urinária e um mínimo de noções gramaticais. Muitos blogueiros sofrem com a falta deste último atributo, o que infelizmente não os impede de se aventurar no mundo dos blógues.

Anfitrião: Um texto publicado em um blógue é um texto público, e atrai toda sorte de comentários, dúvidas, sugestões e ameaças. O blogueiro anfitrião sabe como deixar os leitores a vontade para se expressarem ao mesmo tempo em que parabeniza e responde aos comentários feitos, o que faz com que a metade dos comentários de cada post seja do próprio blogueiro.

Anfótero: do grego amphóteros. Diz-se dos blógues ou blogueiros que são instáveis em termos de qualidade. Em um momento postam um texto genial sobre as similaridades de Rocky e Dogville sob a ótica existencialista e em seguida publicam posts sobre a difícil vida de um adolescente no mundo cruel, entristecendo e decepcionando os leitores.

Anglo-saxã, língua: Ao percorrer a bela e terrível blogosfera tem-se a impressão de que o inglês é mais usado por aqueles que pensam dominá-lo como segunda língua do que pelos falantes nativos. Mistério.

Analista: O sábio mestre Pai Mei já dizia: " Os loucos do mundo podem seguir dois caminhos: aqueles que gozam de riqueza material vão ao analista, os que tem como único bem a própria loucura fazem blógues".

Anojoso: Blógues de conteúdo escatológico ou repulsivo, e não por isso menos adoráveis. É uma forma de tratamento carinhosa. Ex: "A Latrina, apesar dos vapores pútridos, é anojosa de um jeitinho assim todo especial".

Anopluro: Sujeito que comenta nos blógues alheios (freqüentemente de desconhecidos) só para fazer propaganda do seu próprio blógue, que geralmente costuma chafurdar na mediocridade confessional. Ver azucrim.

Apadrinhamento: Fenômeno peculiar que ocorre não só na máfia como também no mundo dos blógues. Muitos blógues servem de inspiração para outros, criando um laço de parentesco virtual. Mas sempre há a possibilidade de um blogueiro se revoltar e matar o blogueiro-padrinho enquanto este compra laranjas.

Ápice: Estágio atingido quando um post passa dos quinze comentários, com ou sem ajuda do anfitrião (mas neste caso não é um ápice genuíno). Também pode designar uma época prolífica de um blógue, com vários posts por semana.

Arroto: Além de ser uma tremenda falta de educação à mesa, é também um pecado comum aos blogueiros; prática do enaltecimento de si próprio ou situações. A potência do arroto costuma ser inversamente proporcional à verdadeira dimensão do acontecido. Não obstante, dependendo da capacidade do blogueiro, o arroto pode até render um post razoavelmente verossímil. Já o arroto de um blogueiro anarfa costuma ser péssimo e, portanto, hilário.

Arte: Objeto de discussão de muitos blógues, especialmente os ditos alternativos. É objeto de desejo de muitos blogueiros. A proporção entre o quanto se discute sobre arte e o quanto ela realmente existe no blógue é dita inversa, mas essa correlação ainda não foi devidamente averiguada.

Aspas: A quantidade de aspas num blógue é um bom indicativo de seu nível de falência, que é o estágio em que o blogueiro já se esqueceu de como é postar um texto próprio. A exceção ocorre quando, desde o início, o blogueiro não possui a característica básica de criatividade.

Assunto, falta de: Segundo Pai Mei, "é a praga do século XXI". Assim como o beijo é a véspera do escarro, a falta de assunto antecede o abandono do blógue, ou pior, faz com que o blogueiro poste apenas fotos (velhas) e tirinhas.

Azucrim: Entidade diabólica insuportável que se apossa do blogueiro, obrigando-o a mendigar comentários para seu blógue. Se a pessoa é submetida repetidas vezes ao azucrim há grandes chances d'ela se tornar um anopluro da pior espécie.

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05 maio, 2007

Nada tema, prezado latrineiro! Esta fétida Latrina não foi - e não será- abandonada!

Assim, no primeiro post depois do longo intervalo, tenho o orgulho de anunciar que já faz três (!) anos que o Scottish Man entrou em nossas vidas.

Na verdade, o Scottish Birthday foi no dia 26 de abril, mas durante os últimos dias a Malta esteve lutando furiosamente para cumprir inúmeras e inadiáveis obrigações, e infelizmente não pudemos postar sobre o aniversário do nosso querido amigo no dia certo (ó, desgraça! ó, vergonha!).

Mas é claro que o atraso não diminui a sinceridade e o entusiasmo da celebração. Viva o Scottish Monty, e viva a Escócia!