30 janeiro, 2008

Jubileu de Jequitibá

Os depreciadores da Latrina a acusam de ser um blógue cínico e corrosivo, mas isto não é a verdade (por inteiro). A Latry é, como devem saber os senhores, um dos blógues mais comemorativos da rede. Tudo pode ser comemorado: aniversários (mesmo os de oito meses), natais (1 e 2), reveillons, fatos da vida diária que se transformam em literatura escatológica pelas mãos da Malta.

É com esse espírito que fazemos agora uma retrospectiva, para o deleite dos nossos mais queridos apreciadores de merda, em razão de termos alcançado a admirável meta de uma centena de posts.

Por isso voltamos ao passado, quando regras para a sujeira foram estabelecidas, para que este respeitável blógue não virasse uma esbórnia. Nesses mesmos remotos tempos foi coroada a primeira das musas da Latrina, uma celebridade que não merece ser esquecida; e a própria Latrina serviu de inspiração para uma obra de pop art muito superior às latinhas do Andy.

Este, porém, não se trata somente de um local anojoso, aqui também se encerram lembranças muito especiais. Dentre elas, há alguns clássicos de nossa vida escolar, como uma tentativa de suicidar nosso professor e o plano elaborado às pressas entre uma aula e outra de realizar um golpe pseudo-megalomaníaco.

É claro que nesse nosso fétido blógue também é possível encontrar algumas piadas, posts bem humorados, como este em que figuram alguns de vocês, caros leitores. A Malta, no entanto, procura não deixar de lado assuntos sérios que afligem a humanidade e dão o Nobel a pessoas como o Al Gore: a moda agora é reciclar!

Outra importante faceta da Latrina é, obviamente, o nonsense, encontrado em numerosos posts por aí; ao juntar Escócia, poesia e esgoto, o único resultado possível é uma pérola desse nível. Algum tempo depois, a própria autora se surpreendeu de a ter escrito, mas tratando-se de uma latrina, decidiu que sua criação estava mesmo no lugar certo.

Mas não seria por isso que a Malta deixaria de lado seu carinho pela terra da rainha, exemplificando quão cosmopolita esse humilde blógue se tornara, sendo atualmente acessado a partir de pontos longínquos, como se pode ver no mapa ao lado. (Aproveitamos para cumprimentar os visitantes de outros estados ou países que passam por aqui).

Mapa esse que também demonstra o caráter vanguardista de nossa querida Latrina: os membros da rede de esgoto passaram, depois dela, a exibi-lo. Assim como vários quiseram participar de concursos e ter seus próprios glossários, inspirados pela Latrina. Porém, além de tais influências conjunturais, ela teve participação na criação de novos blógues, notadamente o Copo de Sake e, principalmente, o Mictório.

Porém, nem tudo são rosas. Infelizmente, os aromas fétidos podem levar alguns de nossos freqüentadores a ter certos distúrbios ou delírios, como aconteceu em um post que, a princípio, objetivava nada mais que a contemplação pacífica da beleza clássica.

Ainda assim, a Latrina não desiste de sua missão por influenciar para melhor seus habitués, fornecendo informações úteis para a manutenção de seus troninhos, ou mostrando como um utensílio de cozinha pode ter múltiplas utilidades: assadeira, arte, escatologia.

Agora, nosso blógue, já com uma certa idade, se tornou ainda mais popular e na ocasião de seu desaniversário, conquistou mais um coração, o do Lipão.

Outro ponto que merece destaque é o característico humor que aflora nas pessoas que passam a contribuir com a Latrina, muito bem exemplificado por coelhinhos fofinhos. Reparem também nos comentadores extravagantemente antigos que começaram a aparecer.

Em mais um episódio surreal, a Latrina foi invadida por comentários bastante fora do comum. Temos, especialmente, um post que pode ser comparado a um mausoléu um tanto quanto infernal. (Eis aqui mais uma oportunidade para o responsável por esse incidente se mostrar e receber os devidos créditos.)

Há também um texto que pode vir a esclarecer muitas coisas para alguns: todo universo precisa de uma cosmogonia, com o nosso não poderia ser diferente.

Posteriormente, tivemos mais uma coroação, dessa vez de nossa segunda musa, que compartilha inclusive do nome do nosso adorado blógue.

Todos sabem que a Latrina, seja na vida real ou virtual, é o melhor lugar para se encontrar literatura de alta qualidade: de Shakespeare a autores mais duvidosos.

Então a Latrina chegou ao auge de seu reconhecimento ao ser laureada com um renomado prêmio. Mas logo em seguida encontrou novamente sua habitual decadência, que inclui inclusive teorias meio fascistas.

E foi assim, povoada de alguns momentos solenes e outros nem tanto, que a Latrina completou o seu primeiro ano de vida. Durante as comemorações, Lipão, agora um freqüentador de merda assíduo disse: “Aliás, meu primeiro contato com a Latrina também poderia dar uma história interessante, desde que bem escrita. Só não faço isso porque aqui é lugar para descargas, não para textos.”. Aproveitamos para usar estas palavras contra quem as escreveu, e desafiá-lo a fazer, no blógue do qual agora faz parte, o que não se sentiu confortável para fazer na época, : Contar a todos como foi que veio parar no maravilhoso (?) mundo dos blógues.

Com o passar do tempo, a Latry mostrou que é como um bom vinho: fica cada vez melhor (e a Malta mostra que só usa metáforas clichês). Assim, foram iniciadas várias séries que, com sua diversificação, tornaram-se exemplo da versatilidade latriniana.

Os irmãos Grimm estão até agora se revirando no túmulo, mas não mais do que William Golding. Nossos amigos foram transportados para uma Peruíbe assim meio Ilha do Coral e tiveram que lidar com seus próprios instintos e necessidades fisiológicas, tudo sem o conforto da civilização.

A (ausência da) cultuada civilização voltou a figurar em mais uma série, desta vez ambientada nos aparentemente pacatos subúrbios e escrita com uma certa auto-ironia machadiana.

No entanto nem só de prosa e pólvora vive a Latrina; há também espaço para a mais sublime poesia. Aqui vale a pena dizer que a diversidade deste blógue se deve em parte às valorosas contribuições de nossos amigos poetas.

Ao que tudo indica, nessa altura a Malta já havia se viciado em séries, e surgiram os enigmáticos contos breves, assim como esboços que vão do nada ao lugar nenhum.

O espírito latrinesco, porém, não estaria completo sem uma análise mais organizada deste monstrinho que amamos odiar e odiamos amar, a blogosfera.

Mas nada disso seria possível sem vocês todos que compõe a nossa fiel audiência, e que vem se aliviar aqui, tendo que suportar os suaves odores fétidos desse humilde blógue.