14 setembro, 2008

O fruto, seu arquiteto e o elefante - Parte III

Acontecera, o casamento de Ba She era sempre realizado quando as primeiras folhas secas voavam em direção à uma jovem do vilarejo, cujos cabelos eram dourados de tal forma que fazia-se sol. Tudo era segredo: ninguém nunca soube o que poderia acontecer, por isso, nunca ninguém havia invadido a morada da cobra após a entrega da donzela.
A ainda menina de brincadeiras e besteiras, só havia por três vezes feito-se mulher. Tinha um vestido azul e fitas presas por todo o cabelo.
Engolidor de elefantes, grande morador das montanhas, esse era Ba She, forma divina que encontrava-se em corpo de cobra. Sua vontade era lei entre o povoado, e seus dentes tão afiados que fazia-se navalha.
Qí Juã presenciou o proibido, viu o céu em toda sua imensidão, seu olhar foi totalmente convertido em luz e vento. Ele perdeu tudo o que já havia sido até aquele instante.
Sorte seria se Ba She não percebesse sua presença, no entanto, a criatura estava tão deslumbrada com sua oferenda que isso era de fato improvável. Ademais, a cobra seria a menor das preocupações do arquiteto; ele estava completamente desfigurado.

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