28 dezembro, 2006
23 dezembro, 2006
Toilet Santa
A Latrina deseja a todos os latrineiros um feliz Natal: um peru gordo e suculento para ceia, uma súbita indisposição para aquele parente chato, um mico bem grande para o priminho insuportável e uma barba menos falsa pra quem quer que vá se fantasiar de bom velhinho. Um próximo ano cheio de visitas à esta humilde latrina, surrealidades divertidas, diversões surreais, e o indefectível aroma fétido do nosso querido (e necessário) humour noir de cada dia.
Se não nos encontrarmos antes, real ou virtualmente, até 2007, fiéis latrineiros. Até lá!
Se não nos encontrarmos antes, real ou virtualmente, até 2007, fiéis latrineiros. Até lá!
21 dezembro, 2006
Shakespeare vai ao banheiro
Lar... doce lar. Latrina... fétida latrina. Que saudades. Devo admitir que uma semana longe daqui me fez sentir falta do odor acre deste blógue. De qualquer forma, volto com fotos por demais interessantes, e com a certeza de que todos os meus companheiros de viagem têm um gosto literário apuradíssimo, o que pôde ser verificado vendo os livros que eram deixados na nossa latrina comunitária.
E aqui lanço um desafio... Quem leu o quê?
Os latrineiros literários:
Camila T.
Lipão (vulgo Felipe Freller)
eu mesma
Marieta
Giulia T.
Caio Vilela
Liguem os nomes aos livros!!! Quem já souber espere que os outros respondam!
Agradecimentos especiais: Betza, o fotógrafo oficial da Latrina.
E aqui lanço um desafio... Quem leu o quê?
Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
Antes do Baile Verde, Lygia Fagundes Telles
A Hora da Estrela, Clarice Lispector
Hamlet, William Shakespeare
Mrs Dalloway, Virginia Woolf
Antes do Baile Verde, Lygia Fagundes Telles
A Hora da Estrela, Clarice Lispector
Hamlet, William Shakespeare
Mrs Dalloway, Virginia Woolf
Os latrineiros literários:
Camila T.
Lipão (vulgo Felipe Freller)
eu mesma
Marieta
Giulia T.
Caio Vilela
Liguem os nomes aos livros!!! Quem já souber espere que os outros respondam!
Agradecimentos especiais: Betza, o fotógrafo oficial da Latrina.
18 dezembro, 2006
Mucagi
Parecia uma estrela. Mas era mais do que isso.
Uma aglomeração de matéria tão perfeita que deixava de ser matéria. Era uma aglomeração de Luz! Bem em seu centro havia um ponto obscuro, impossível de identificar como a entidade superior que viria a ser. Ele se alimentou da luz, cresceu, tomou forma. Pouco a pouco tornou-se possível discernir uma forma familiar, esbelta: maravilhosa. Um corpo se delineava e a Luz que o envolvia escoava para dentro de si; até que o corpo em si, por inteiro, emanava a Luz.
Foi assim que surgiu Mucagi. Ninguém veio a saber da sua existência. Era um ser perfeito demais para que o conhecimento humano tomasse ciência. Possuía a inteligencia, o ímpeto, a beleza, a bondade, a sagacidade. Era um ser completo.
Ela não podia existir em sua própria áurea. Havia uma tensão, tantas qualidades concentradas em um único...Não se sabe como, não se sabe se houve uma faísca inicial, se houve uma explosão interna, mas Mucagi se espalhou em cacos, com reflexos da magnificência que teve um dia. Mais precisamente, se dividiu em três, o número perfeio. Cada fração recebeu uma porção de suas características e qualidades, cada uma ficou com uma sílaba: Mu, Ca, Gi.
Feliz ou infelizmente a ruptura causou alguns danos, fendas mal suturadas que deram origem a falhas que permitiram às três que convivessem com os outros seres humanos. Cada uma se abandonou em um núcleo, mas depois de algumas peripécias, elas inevitavelmente se reunificaram.
Inseparáveis. Uma se tornou consciência da outra; uma defende a outra. Não, elas não têm nada em comum: cada uma usa o que possui para completar o que falta nas outras. Por isso mesmo sua união é perfeita, única.
Uma aglomeração de matéria tão perfeita que deixava de ser matéria. Era uma aglomeração de Luz! Bem em seu centro havia um ponto obscuro, impossível de identificar como a entidade superior que viria a ser. Ele se alimentou da luz, cresceu, tomou forma. Pouco a pouco tornou-se possível discernir uma forma familiar, esbelta: maravilhosa. Um corpo se delineava e a Luz que o envolvia escoava para dentro de si; até que o corpo em si, por inteiro, emanava a Luz.
Foi assim que surgiu Mucagi. Ninguém veio a saber da sua existência. Era um ser perfeito demais para que o conhecimento humano tomasse ciência. Possuía a inteligencia, o ímpeto, a beleza, a bondade, a sagacidade. Era um ser completo.
Ela não podia existir em sua própria áurea. Havia uma tensão, tantas qualidades concentradas em um único...Não se sabe como, não se sabe se houve uma faísca inicial, se houve uma explosão interna, mas Mucagi se espalhou em cacos, com reflexos da magnificência que teve um dia. Mais precisamente, se dividiu em três, o número perfeio. Cada fração recebeu uma porção de suas características e qualidades, cada uma ficou com uma sílaba: Mu, Ca, Gi.
Feliz ou infelizmente a ruptura causou alguns danos, fendas mal suturadas que deram origem a falhas que permitiram às três que convivessem com os outros seres humanos. Cada uma se abandonou em um núcleo, mas depois de algumas peripécias, elas inevitavelmente se reunificaram.
Inseparáveis. Uma se tornou consciência da outra; uma defende a outra. Não, elas não têm nada em comum: cada uma usa o que possui para completar o que falta nas outras. Por isso mesmo sua união é perfeita, única.
06 dezembro, 2006
Manifesto de uma Agregada - Anexo II
Tônio e a Bandeira de Limites
Raposo.
Raposo.
Eterno.
Eterna.
Raposo Tavares matou um monte de índios.
Raposo Tavares é um herói!
Raposo Tavares, um símbolo da determinação paulista.
Raposo.
Raposo Tavares.
Rodovia SP-270. Foi modernizada. Antes, a parte que cortava Cotia era quase que uma avenida congestionada da cidade. Estrada, Avenida, Cidade, Trânsito, caos.
Hoje demoliram as lojas da "Avenida", construíram um viaduto por cima de Cotia, ampliaram Raposo Tavares.
SP-270.
Penso naquele povo, antes era presente.Cotia era Raposo,
Raposo era Cotia. Hoje Cotia está sob um viaduto. Vamos alimentar com o lixo de nossos carros os pobres infelizes que restam lá embaixo.
Corre, Cotia.
Índio, na oca da tia.
Raposo Tavares, hoje está bem melhor, mais rápida.
Raposo Tavares.
Matador de índios.
Raposo. Raposo Tavares.
Raposa.
Defecado pelo B.
Marcadores: Filosofia de Alcova, Manifesto
Manifesto de uma Agregada - Parte II
Raposo Tavares desbravou do sertão ao Amazonas, conheceu o país de norte a sul, exterminou índios e, coincidentemente, é chará do meu pai. Pelo menos eu não tenho que usufruir de uma estrada que tem nome de ditador – mas, talvez, tocar na ferida incomode a leitora, que prefere passear pelo shopping.
Raposo Tavares, a rodovia do amor – ganhou esse apelido por possuir uns 30 motéis no caminho – porém, esse pessoal é muito moralista, na verdade, sem moralismos... é a rodovia do sexo.
Quando eu freqüentava o jardim de infância, no começo de minhas migrações pendulares, o tempo passava muito devagar na estrada. Por isso, eu comecei a inventar brincadeiras para passar o tempo: achar o alfabeto nas placas, descobrir todos os tipos de veículos que existiam, elefantinho colorido de carros, fingir que minhas mãos eram dinossauros...
O rádio sempre me influenciou, já que eu o escuto, aproximadamente, três horas por dia há 17 anos; No ginásio, meu dia só começava depois de escutar “tema de São Paulo” e, ao longo dos anos, percebendo a paisagem se modificar a cada dia, vendo favelas e galpões multiplicando-se, apreensiva em relação à FEBEM, e notando a diferença que o Rodoanel trouxe à região, percebi que dependendo da trilha sonora, do rádio ou de um CD, a Raposo muda todos os dias diante de meus olhos, a percepção se torna completamente diferente, e a janela transforma-se em uma tela em movimento.
Porém, esse é só um comentário irrelevante...
Raposo Tavares, a rodovia do amor – ganhou esse apelido por possuir uns 30 motéis no caminho – porém, esse pessoal é muito moralista, na verdade, sem moralismos... é a rodovia do sexo.
Quando eu freqüentava o jardim de infância, no começo de minhas migrações pendulares, o tempo passava muito devagar na estrada. Por isso, eu comecei a inventar brincadeiras para passar o tempo: achar o alfabeto nas placas, descobrir todos os tipos de veículos que existiam, elefantinho colorido de carros, fingir que minhas mãos eram dinossauros...
O rádio sempre me influenciou, já que eu o escuto, aproximadamente, três horas por dia há 17 anos; No ginásio, meu dia só começava depois de escutar “tema de São Paulo” e, ao longo dos anos, percebendo a paisagem se modificar a cada dia, vendo favelas e galpões multiplicando-se, apreensiva em relação à FEBEM, e notando a diferença que o Rodoanel trouxe à região, percebi que dependendo da trilha sonora, do rádio ou de um CD, a Raposo muda todos os dias diante de meus olhos, a percepção se torna completamente diferente, e a janela transforma-se em uma tela em movimento.
Porém, esse é só um comentário irrelevante...
Marcadores: Manifesto
05 dezembro, 2006
Menino dos Olhos
Às seis horas Bruno estava ao pé do Terraço Itália trajando, como mandava o convite, seu terno esporte fino e se sentindo um pouco miserável. Enquanto o elevador subia rapidamente, ele ficou feliz que seus ouvidos estivessem se tampando para que ele não tivesse que ouvir toda aquela ladainha artificial dos outros membros do partido, que se cumprimentavam medindo forças com apertos de mão.
Quando chegou lá em cima, foi escoltado até o salão em que se encontravam seus supostos aliados. No entanto, evitou qualquer tipo de contato com os outros, pegou uma bebida qualquer passeou em sua frente e foi para fora, admirar a paisagem urbana.
Por mais que já morasse no interior há anos, sabia que era ali que pertencia. Àquela cidade estavam ligadas as suas lembranças mais dolorosas, mas são os sofrimentos que moldam o homem; São Paulo estava moldando aquele jovem. Mas por alguns momentos ele acreditou que era capaz de se sobrepor ao superego, inverteu os papéis e se viu domando a cidade do alto. Porém o vento mudou e fez com que o rapaz deixasse os devaneios que despontavam na zona norte e virasse os olhos para linhas curvas e pensamentos sinuosos surgiram em sua cabeça.
Por alguma razão ele desceu de volta os quarenta e dois andares e desbaratou pelas ruas em direção ao prédio que tanto o perturbava. Entrou pelo portão mais movimentado e se juntou à multidão que ainda levava sua vida rotineira por ali. Bruno sempre fora capaz de passar despercebido e sabia que poucos o reconheceriam domo candidato, se ele quisesse.
Serpenteou sem rumo pelos corredores de lojas sem nem notar o odor forte dos restaurantes, sua mente rodava tentando entender o que o levara até ali, sem conseguir alcançar o ímpeto de seus passos.
Aos poucos se afastou do centro daquela mini-cidade e, quando deu por si, notou que se encontrava no que ele imaginava ser uma das áreas mais abandonadas do prédio. Sentiu alívio por deixar para trás o barulho das pessoas e a penumbra lúgubre o acalmou.
O corredor parecia estar imundo, com paredes emboloradas e papéis espalhados pelo chão. Um sorrisinho de lado apareceu nos lábios de Bruno quando ele olhou para seus pés e viu que pisava em um panfleto com seu rosto irritantemente alegre e os números 1475. Sua maior surpresa, porém, foi ao levantar os olhos e continuar vendo os mesmos algarismos.
Não podia acreditar que de todas as 1160 portas do prédio, parara justamente na frente daquela.
A razão pela qual aquele era seu número se tornara uma tradição de família. Quando seu pai se rebelou contra a família nos tempos de faculdade, foi morar com um colega naquela mesma quitinete no Copan. Sempre contava aos filhos histórias daquela época com saudades e dizia que o número do apartamento era seu número de sorte. Bruno o emprestou para sua candidatura e, até agora, ele tinha sido de grande ajuda.
Enquanto pensava no pai, sem perceber, levantou o punho e bateu na porta. Mal um rosto apareceu ele se sentiu constrangido e quis se justificar: “Me perdoe...eu não queria incomodar. Meu pai morou aí e eu queria...”O velhinho sorriu, compreendeu e convidou o moço a entrar. “Eu não nada que mereça ser roubado.” Ele respondeu ao ponto de interrogação que se formou no rosto do outro. “Além do mais, se você resolver me matar, vai demorar mais do que minha doença. Mas você me parece bem apessoado, venha.”
Bruno nem precisou perguntar mais detalhes sobre a doença, ao olhar com atenção reconheceu seus traços, os mesmos que desfiguram as feições de seu pai há meses naquele hospital. Mesmo com todo o apoio médico ele não tinha uma aparência melhor do que a do homem frágil à sua frente, que não devia ter dinheiro para comprar sequer um analgésico.
O senhor tentou puxar conversa, perguntou como o visitante tinha se tornado político. Bruno contou que fora convidado pelo prefeito a se candidatar e que ele vira aí uma oportunidade de aproximar o país de seu tão aspirado Eldorado. “Mas ninguém achava que eu tinha jeito para coisa. Meu pai brincou, querendo saber como eu faria comícios se, desde o colégio, eu tinha dificuldade de me fazer ouvir na chamada.”
Mais uma vez ele sentiu falta do pai. Sentiu-se confortável naquele lugar, com aquele desconhecido. Fechou os olhos e pensou em outros olhos, simétricos aos seus, também fechados para um teto estranho. Como ele queria poder olhar novamente dentro dos olhos do pai e ver lá os seus próprios, tão iguais.
Ficou semi-adormecido por um longo tempo. Ao abrir os olhos, seu telefone tocou. “O papai acordou!” Seu irmão estava eufórico do outro lado da linha. Bruno também estava feliz, mas se lembrou de seu anfitrião. Seu pai estava salvo graças aos cuidados hospitalares que ele e os irmãos podiam proporcionar. Mas aquele velhinho simpático morreria sem...Bruno pousou os olhos nele e percebeu que suas reflexões não adiantavam mais. Ele já estava morto.
Quando chegou lá em cima, foi escoltado até o salão em que se encontravam seus supostos aliados. No entanto, evitou qualquer tipo de contato com os outros, pegou uma bebida qualquer passeou em sua frente e foi para fora, admirar a paisagem urbana.
Por mais que já morasse no interior há anos, sabia que era ali que pertencia. Àquela cidade estavam ligadas as suas lembranças mais dolorosas, mas são os sofrimentos que moldam o homem; São Paulo estava moldando aquele jovem. Mas por alguns momentos ele acreditou que era capaz de se sobrepor ao superego, inverteu os papéis e se viu domando a cidade do alto. Porém o vento mudou e fez com que o rapaz deixasse os devaneios que despontavam na zona norte e virasse os olhos para linhas curvas e pensamentos sinuosos surgiram em sua cabeça.
Por alguma razão ele desceu de volta os quarenta e dois andares e desbaratou pelas ruas em direção ao prédio que tanto o perturbava. Entrou pelo portão mais movimentado e se juntou à multidão que ainda levava sua vida rotineira por ali. Bruno sempre fora capaz de passar despercebido e sabia que poucos o reconheceriam domo candidato, se ele quisesse.
Serpenteou sem rumo pelos corredores de lojas sem nem notar o odor forte dos restaurantes, sua mente rodava tentando entender o que o levara até ali, sem conseguir alcançar o ímpeto de seus passos.
Aos poucos se afastou do centro daquela mini-cidade e, quando deu por si, notou que se encontrava no que ele imaginava ser uma das áreas mais abandonadas do prédio. Sentiu alívio por deixar para trás o barulho das pessoas e a penumbra lúgubre o acalmou.
O corredor parecia estar imundo, com paredes emboloradas e papéis espalhados pelo chão. Um sorrisinho de lado apareceu nos lábios de Bruno quando ele olhou para seus pés e viu que pisava em um panfleto com seu rosto irritantemente alegre e os números 1475. Sua maior surpresa, porém, foi ao levantar os olhos e continuar vendo os mesmos algarismos.
Não podia acreditar que de todas as 1160 portas do prédio, parara justamente na frente daquela.
A razão pela qual aquele era seu número se tornara uma tradição de família. Quando seu pai se rebelou contra a família nos tempos de faculdade, foi morar com um colega naquela mesma quitinete no Copan. Sempre contava aos filhos histórias daquela época com saudades e dizia que o número do apartamento era seu número de sorte. Bruno o emprestou para sua candidatura e, até agora, ele tinha sido de grande ajuda.
Enquanto pensava no pai, sem perceber, levantou o punho e bateu na porta. Mal um rosto apareceu ele se sentiu constrangido e quis se justificar: “Me perdoe...eu não queria incomodar. Meu pai morou aí e eu queria...”O velhinho sorriu, compreendeu e convidou o moço a entrar. “Eu não nada que mereça ser roubado.” Ele respondeu ao ponto de interrogação que se formou no rosto do outro. “Além do mais, se você resolver me matar, vai demorar mais do que minha doença. Mas você me parece bem apessoado, venha.”
Bruno nem precisou perguntar mais detalhes sobre a doença, ao olhar com atenção reconheceu seus traços, os mesmos que desfiguram as feições de seu pai há meses naquele hospital. Mesmo com todo o apoio médico ele não tinha uma aparência melhor do que a do homem frágil à sua frente, que não devia ter dinheiro para comprar sequer um analgésico.
O senhor tentou puxar conversa, perguntou como o visitante tinha se tornado político. Bruno contou que fora convidado pelo prefeito a se candidatar e que ele vira aí uma oportunidade de aproximar o país de seu tão aspirado Eldorado. “Mas ninguém achava que eu tinha jeito para coisa. Meu pai brincou, querendo saber como eu faria comícios se, desde o colégio, eu tinha dificuldade de me fazer ouvir na chamada.”
Mais uma vez ele sentiu falta do pai. Sentiu-se confortável naquele lugar, com aquele desconhecido. Fechou os olhos e pensou em outros olhos, simétricos aos seus, também fechados para um teto estranho. Como ele queria poder olhar novamente dentro dos olhos do pai e ver lá os seus próprios, tão iguais.
Ficou semi-adormecido por um longo tempo. Ao abrir os olhos, seu telefone tocou. “O papai acordou!” Seu irmão estava eufórico do outro lado da linha. Bruno também estava feliz, mas se lembrou de seu anfitrião. Seu pai estava salvo graças aos cuidados hospitalares que ele e os irmãos podiam proporcionar. Mas aquele velhinho simpático morreria sem...Bruno pousou os olhos nele e percebeu que suas reflexões não adiantavam mais. Ele já estava morto.
02 dezembro, 2006
Que dia mais feliz!
Quem diria... Nesta quadragésima postagem tenho o orgulho de anunciar que a nossa fétida e querida latrina completou ontem oito meses!!! Parabéns pra ela e pra gente!!!
Sendo assim uma data tão especial, coloco aqui uma canção muito propícia que, tenho certeza, sensibilizará o coração de todos:
Sendo assim uma data tão especial, coloco aqui uma canção muito propícia que, tenho certeza, sensibilizará o coração de todos:
Parabéns da Xuxa
Xuxa/Maurício Vidal
Hoje vai ter festa
Bolo e guaraná
Muito doce pra você
É o seu aniversário
Vamos festejar!
E os amigos receber!
Mil felicidades e amor no coração
Que a sua vida seja sempre doce e emoção
Bate, bate palma que é hora de cantar
Agora todos juntos vamos lá
Parabéns
Parabéns
Hoje é seu dia
Que dia mais feliz
Parabéns
Parabéns
Cante novamente que a gente pede bis!
É big, é big
É big, é big, é big
É hora, é hora
É hora, é hora, é hora
Rá ti bum!
Xuxa/Maurício Vidal
Hoje vai ter festa
Bolo e guaraná
Muito doce pra você
É o seu aniversário
Vamos festejar!
E os amigos receber!
Mil felicidades e amor no coração
Que a sua vida seja sempre doce e emoção
Bate, bate palma que é hora de cantar
Agora todos juntos vamos lá
Parabéns
Parabéns
Hoje é seu dia
Que dia mais feliz
Parabéns
Parabéns
Cante novamente que a gente pede bis!
É big, é big
É big, é big, é big
É hora, é hora
É hora, é hora, é hora
Rá ti bum!
01 dezembro, 2006
O Maníaco do Plástico Bolha
(história baseada em fatos reais - mais especificamente quando um rolo de cem metros de plástico bolha simplesmente desapareceu no Santa Cruz)
Bateu o sinal. Começou o recreio. Todos os alunos se dirigiam, felizes, ao pátio, para aproveitar da melhor maneira possível aqueles vinte minutos de intervalo. Todos, menos um.
Desde a primeira aula da manhã, ele tinha percebido aquele rolo enorme no canto da última sala do corredor, e desde que o vira pela primeira vez, sentiu aquela conhecida coceira nas pontas dos dedos. No começo era suportável, apenas uma coceirinha, mas aos poucos foi aumentando, subindo pelas mãos... Assistir às aulas ficava cada vez mais difícil, era impossível se concentrar, e as olhadas de esguelha para o rolo de plástico bolha se tornavam cada vez mais freqüentes.
Assim, quando bateu o sinal, ele já havia tomado a decisão, e era hora de agir. Olhou mais uma vez para o corredor, certificando-se de que estava mesmo vazio.
Dirigiu-se para o rolo. Ficou um bom tempo apenas olhando para ele, nos olhos febris uma mistura de desejo e veneração. Aos poucos foi erguendo a mão, muito lentamente, até que as pontas dos dedos roçaram de leve no plástico, até afundar naquele mar de bolhinhas. Ploc.
O tempo estava se esgotando, era preciso ser rápido. Abraçou o rolo enorme e aos poucos foi arrastando o trambolho para fora da sala. Teria que atravessar o corredor. Muito, muito cuidado. A cada passo ou voz que pensava ouvir, escondia-se logo em uma das salas pelo caminho. Pé ante pé. O mais silenciosamente possível. Um ploc ocasional. Desse jeito, a travessia do corredor foi feita. Agora que vinha a parte difícil... subir aquela escadinha escondida que dava para o telhado.
Era preciso muita calma. Colocou um pé no degrauzinho, se segurou com uma mão e com a outra ia puxando o rolo. Assim, desafiando a gravidade e o próprio equilíbrio, ele chegou ao topo - ali, no telhado, ninguém iria vê-lo. Ali, o rolo era só seu.
Finalmente à sós, desenrolou com extremo cuidado alguns metros do plástico. Tirou do bolso uma tesourinha, e com prazer supremo foi cortando pelas bolhinhas. Ploc.
Enfim estava ali, sozinho, desfrutando o fato de ter nas mãos, para seu deleite pessoal, nada menos que cem metros de plástico bolha implorando para serem estourados.
Aproximou as mãos trêmulas das bolhinhas. Acariciou o plástico, as bolhas massageando as palmas das mãos. Não aguentava mais - apertou com força, cravou os dedos... ploc. Ah, o barulhinho... ploc, ploc. Não pôde impedir que um sorrisinho se formasse em seus lábios, crescendo na garganta até se tornar uma gargalhada.
Êxtase.
Bateu o sinal. Começou o recreio. Todos os alunos se dirigiam, felizes, ao pátio, para aproveitar da melhor maneira possível aqueles vinte minutos de intervalo. Todos, menos um.
Desde a primeira aula da manhã, ele tinha percebido aquele rolo enorme no canto da última sala do corredor, e desde que o vira pela primeira vez, sentiu aquela conhecida coceira nas pontas dos dedos. No começo era suportável, apenas uma coceirinha, mas aos poucos foi aumentando, subindo pelas mãos... Assistir às aulas ficava cada vez mais difícil, era impossível se concentrar, e as olhadas de esguelha para o rolo de plástico bolha se tornavam cada vez mais freqüentes.
Assim, quando bateu o sinal, ele já havia tomado a decisão, e era hora de agir. Olhou mais uma vez para o corredor, certificando-se de que estava mesmo vazio.
Dirigiu-se para o rolo. Ficou um bom tempo apenas olhando para ele, nos olhos febris uma mistura de desejo e veneração. Aos poucos foi erguendo a mão, muito lentamente, até que as pontas dos dedos roçaram de leve no plástico, até afundar naquele mar de bolhinhas. Ploc.
O tempo estava se esgotando, era preciso ser rápido. Abraçou o rolo enorme e aos poucos foi arrastando o trambolho para fora da sala. Teria que atravessar o corredor. Muito, muito cuidado. A cada passo ou voz que pensava ouvir, escondia-se logo em uma das salas pelo caminho. Pé ante pé. O mais silenciosamente possível. Um ploc ocasional. Desse jeito, a travessia do corredor foi feita. Agora que vinha a parte difícil... subir aquela escadinha escondida que dava para o telhado.
Era preciso muita calma. Colocou um pé no degrauzinho, se segurou com uma mão e com a outra ia puxando o rolo. Assim, desafiando a gravidade e o próprio equilíbrio, ele chegou ao topo - ali, no telhado, ninguém iria vê-lo. Ali, o rolo era só seu.
Finalmente à sós, desenrolou com extremo cuidado alguns metros do plástico. Tirou do bolso uma tesourinha, e com prazer supremo foi cortando pelas bolhinhas. Ploc.
Enfim estava ali, sozinho, desfrutando o fato de ter nas mãos, para seu deleite pessoal, nada menos que cem metros de plástico bolha implorando para serem estourados.
Aproximou as mãos trêmulas das bolhinhas. Acariciou o plástico, as bolhas massageando as palmas das mãos. Não aguentava mais - apertou com força, cravou os dedos... ploc. Ah, o barulhinho... ploc, ploc. Não pôde impedir que um sorrisinho se formasse em seus lábios, crescendo na garganta até se tornar uma gargalhada.
Êxtase.